11.21.2013

I want it all

I want it all. I want the wind, the cold, the snow. Shivers of cold.
I want to cry. Badly. I want to suffer, to feel miserable. I want to feel as in i don't belong anywhere. I want to feel lonely, abandoned, with no purpose. I want to feel like i don't matter, like i'm useless. I want to feel the tears roll down my face. The sound of me sulking ripping the nights. My screams, my agitations, my nightmares. I want it all.

I want to be lost. I want to loose my direction. To walk with no goal. To run until all the energy is gone. I want to run out of air, run out of tears, run out of hope.

I want to loose it all. Empty myself of everything. So that, when you finally come, i'm ready to be filled with your smile. With your smell, with your laughter. With your love, your warming embrace. Your company, your presence. Your desire, your lust. Your body, with your taste.

I want to loose it all, so that i can have it all.

----------------------------------------------

Quero tudo. Quero o vento, o frio, a neve. Arrepios de frio.
Quero chorar. Copiosamente. Quero sofrer, sentir-me miserável. Quero-me sentir como se não pertencesse a lado nenhum. Quero-me sentir sozinho, abandonado, sem razão de estar. Quero-me sentir como se nada importasse, como se fosse inútil. Quero as lágrimas a escorrem-me pela cara. Os sons dos meu soluçar a rasgar a noite. Os meus gritos, agitações, pesadelos. Quero tudo.

Quero-me perder. Perder a orientação. Caminhar sem rumo. Correr até se esgotar a energia. Até ficar sem ar, sem lágrimas, sem esperança.

Quero perder tudo. Esvaziar-me por completo. Para que, quando finalmente chegares, esteja pronto para ser preenchido pelo teu sorriso. Pelo teu cheiro, pelas tuas gargalhadas. Pelo teu amor, pelo teu abraço. Pela tua companhia, a tua presença. O teu desejo, a tua lúxuria.

Quero perder tudo, para poder ter tudo.

7.24.2013

Pontos de vista

This is what i want. This is my choice. My goal. My dream.
This can't be what i want. This was not my choice. Neither my goal or dream.
I don't care what i want. I don't want to make choices, or have goals or dreams.
I don't know what i want. I want to make choices and have goals and dreams but i don't know how to do it.

Well i live. I make my own choices as they appear in front of me. I have goals and dreams but i don't let them command my life. Instead i follow the paths that will bring me closer to them, although always adapting them to my current reality. Life is what we do now. I don't care about the past, i don't care about the future. I care about the today, the now, the immediate.

7.09.2013

Silence

The silence is overwhelming. You don't hear a whisper. A single noise.
I look outside. I open the window, slowly, afraid of disturbing such peace. I could hear my heart beat. The air racing through my nose. I could hear it entering my lungs. The blood rushing to grasp every bit of oxygen out of it. 
I take a deep breath. Calm down man! It's just silence.
Silence is scary. Is the full absence of life. Pure silence i mean. 

I step outside. My footsteps echoe on the mountains far away. But i don't hear it. The night is dark. There is no light, no moon. There is nothing. Well the hell is everybody? Where are the birds? The insects, the dogs and cats? Damn.

I am outside. I can feel the wind around my body. Every single hair reacts to its presence. But i don't hear it. I just can't hear a thing.

I open my mouth. Trying to make a sound. For some reason my throat is blocked. I articulate the sound, but nothing comes out. I force it. I'm screaming now. My veins are popping out. Tears burst from my eyes, as i make one last effort to speak.

Finally i do. The only sound i can make and hear is your name. I shout it, with all my strengths. And finally the whole world awakes. The birds sing again, dogs bark, cats run away from it. The wind blows stronger than ever. The moon rises, i can see the streets again. Slowly my heart goes back to normal. My breathing becomes peaceful. I can go back to sleep!

7.07.2013

Beijo-te

Caminho apressado. Um ombro ali, um cotovelo acolá. Olhares fugazes de gente apressada. Caminho devagar afinal. Vou saboreando cada passo. Apercebo-me disso agora.
Vou sentindo a brisa vinda do Tejo. Como que me a fazer abrandar. Arrepia-me os pelos da mão. Ajeito a boina, puxo as golas para o pescoço. Meto as mãos ao bolso e assobio.
Baixo ligeiramente o volume. Os sons da cidade misturam-se agora com os acordes. Com aquela guitarra nervosa. A mão no bolso (porra que está frio) vai-se agitando. Os táxis, apressados como todos, vão abrindo caminho ao apito, como que se daquilo dependesse a sua sobrevivência. Todos os segundos contam nesta cidade. Tudo ao relógio, atrasado, mas como um relógio.
Inspiro as castanhas. Aquele fumo que me envolve enquanto o atravesso. Crava-se na mente. A textura, o suave escorregar da manteiga em miolo fumegante. A jeropiga que acompanha.
Sinto a chuva na testa. Volto a ajeitar a boina e a aconchegar ainda mais a gola. Olho em volta, os chapéus a abrirem-se. A multidão caminha apressada, entre fumos, apitos, negrume. Já não é dia, mas ainda não é noite. As luzes dos carros vão iluminado os recantos. As sombras ganham vida. Dançam comigo. E eu assobio.
Rua acima, como qualquer actividade prazerosa que requer esforço. Todas elas são de certo modo uma penitência. Um pedido de desculpas pelo antecipar do prazer. Um qualquer resquício de uma culpa sempre solteira.
A faixa muda. Uma voz feminina, lenta e arrastada. Linda. Vou cruzando olhares. Olhares baixos, cabeças baixas. Eu não. Enfrento a cidade de frente, conquisto passo atrás de passo. Um olhar fortuito aquece-me por momentos a alma. Um sorriso trocado, arranjado, imaginado. Vejo os teus lábios. As curvas, a cor. O suave trincar. A pequena cicatriz que não consegues resistir a lamber ocasionalmente. A maneira como eles sorriem para mim. Como as palavras escorregam lenta e sensualmente. Como suspiros que me entram directamente na alma.
Todas têm a tua cara. Todas têm o teu sorriso. Vejo-te em todas as sombras. És tu a minha companhia nestas ruas apressadas e escuras. És tu o meu porto seguro. Onde em cada piscar de olhos me vais dando a mão e sussurrando ao ouvido que está tudo bem.
A rua chega ao fim. Um aglomerado nos semáforos. A luz vermelha, teimosa, pisca ligeiramente. Como que a incentivar à passagem rápida. Avalio com calma os padrões de deslocamento, procuro uma abertura na multidão e lanço-me à estrada. O vento sopra forte, vindo do chão. Aquece-me momentaneamente. As luzes, todas elas, reflectem-se nas gotas nos meus óculos. Padrões psicadélicos e reconfortantes. Olho em volta à tua procura. Entre as sombras e as luzes. Tanta gente.  Páro. Apuro os meus sentidos. Sinto todos os ventos e todos os cheiros. Fecho os olhos por segundos, abstraio-me dos ruídos. Vejo-te nitidamente agora. Os contornos dos teus olhos, os ombros cobertos por uma cascata de caracóis. Esse teu sorriso. Toda a energia que necessito está aí. A tua silhueta, elegante. Um salto discreto. A contornar perfeitamente as tuas pernas. Uns collants pretos. Um vestido justo. E um casaco comprido. Linda! Estendes-me a mão. Ondulando ao vento.



Sinto os teus lábios nos meus. Tinha tantas saudades tuas!!

7.02.2013

Inevitbilidade do sentimento

Movimento e fluidez. Ou uma fluidez constante de movimento. De acontecimento. Qualquer coisa em nós que nos faz mexer. Um movimento constante de ideias desconexas.
Tudo o que fazemos provoca movimento. O ar em nosso redor agita-se. O chāo treme com a nossa presença. A sombra ilumina o lugar mais sombrio. Respiras e uma chama agita-se. Sopras e a água separa-se. Piscas o olho e a outra pessoa sorri. Um olhar faz tremer a mais sólida rocha. Um beijo faz todo o teu sangue fluir mais rapido. Tudo se coordena, tudo se mantém no seu equilíbrio. Na unica certeza. Que qualquer movimento provoca movimento. 

Inevitabilidade. 

A base de toda a nossa vida. Que qualquer acção provoca reacção. 

Temos sempre os pensamento. Neles somos realmente  livres. Não estou a falar de podermos pensar sobre aquilo que nos apetecer. Isso é uma consequência lógica do segredo associado ao processo. Pudéssemos nós ler pensamentos e garantidamente passariam a ser tão controlados como as nossas palavras.

Refiro-me sim a nós proprios deixarmos de controlar os nossos pensamentos. Desligar o corpo, a percepção física das coisas invadir a nossa utopia. No fundo voltar ao sentimento. Onde tudo afinal começou. 

6.17.2013

One week

Stare at me. In a 'i want you' way. Say you love me. Say it. Damn it.

What were you saying? Nothing, i was just thinking out loud.

You can't. I can't.

Stop. Full stop. Or half stop. My brain is screaming but i can't hear a thing. I can't. I feel too good to stop. Slow down at least. I can't. I won't.

I can see you, you know? I can see your pain, i can see your sorrow. Behind that smile i can see it. Not on your lips. Your lips are always laughing. I mean in your eyes. I see the darkness within, i see the despair, the sadness. Look at me baby. Look straight at me. You see that? Now that's a smile. A little spark there, some light and color. Beautiful by the way.

But i have to stop.  Make-believe. It's easier you know? It's faster. We are all there. We are all in that world. Some know it, others don't. Should we leave them there? Come with me to my real world. Dark and cloudy place, but at least it's real. At least you know what you can expect. Come with me. I'll show how to be happy without having to pretend. I'll show you how to do it. It's really easy. Just be real. Be real with me. Be real next to me. It's all we need, reality. Together.


6.10.2013

Sometimes you walk, other times you enjoy

The unexpected. You never know what comes next. You never know what life has reserved for you, what will be the reactions to your actions.
If you have a path, a set of waypoints that you want to follow, thinking "that's the way to get there", you might be confortable with it. But then you start to think: "where is there? Here i am, trying to walk through this, following all this guidelines and signs and stuff. What if i stop and watch what's on the end of the next detour".
Then you start taking some chances. Trying to cut short through here because the road will appear just ahead, but in the end all you get is some scratches and bruises.
Nevertheless you keep going. Now enjoying more the path you're walking. The green of the trees, the cool sound of that bird, some weird insect just calling his mates. And you start to worry less about the destiny and more about the way.
So the next time you get a detour, you appreciate more what new things you'll discover there, new trees, birds and sounds, rather than if that detour will eventually take back to where you were. Because honestly, i don't care where i'll end up next. As long as i enjoy my way there.

3.14.2013

Um ano, uma vida

Amo-te.
Desejo-te.
Com toda a vontade
Com toda a honestidade.

Odeio-te
Anseio-te.
Com a calma de quem quer
Um dia amar-te.

Um ano, uma vida
Um dia, muita página lida
Muita palavra escrita, 
Muita história vivida.

Uma vida de desejo
Uma noite fraquejo
E digo-te sem um pestanejo 
Sem bocejo, nem pejo
Que no meu coração um latejo
Me diz o quanto te desejo.

3.11.2013

Adeus

Há muitas maneiras de dizer adeus. Até há maneiras de o dizer sem fazer nada por isso. Uma sombra qualquer no olhar, um canto da boca ligeiramente descaído, uma mão entrelaçada na outra.
Um "adeus" inaudível é sempre mais pesado, sempre mais sentido e acima de tudo bem mais triste do que apenas uma palavra.
Um adeus na palavra, um adeus num abraço, um adeus num beijo. Estes deixam marca, deixam uma memória. Deixam uma impressão num qualquer sistema cerebral que nos causa emoção. Um adeus sem nada, um adeus sem nota, sem mensagem, sem cor e sem brilho apenas nos desperta a noção de vazio. A noção de que nem na hora do adeus, nem na hora de nos lembrarmos de quando se disse adeus, nem nada nos vai preencher o vazio.
Porque pior que dizer adeus é não saber que se disse adeus.

1.07.2013

Canas


Uma por uma, apanhou todas as canas. Todas, sem excepção, estavam vazias. Pô-las ao ombro e voltou à estrada. Em busca de mais rios e mares.
No cruzamento parou. Apoiou-se com um pé enquanto o outro permanecia nervoso no pedal. Olhou ao fundo, calculando a miopia e pensou vislumbrar ao longe um charco.
Contudo, era perto de mais. Ali não havia peixe. Nem outro animal. Arriscou e continuou estrada fora. Em busca do desconhecido, mas sempre remoendo e mastigando a ideia que o ia couçando nas costas. Não era ideia alguma, apenas as canas, as muitas canas que se iam encavalitando e relembrando da paixão, essa paixão da pesca em charco alheio que cultivara desde a infância.
Passados uns kms parou. Estava cansado, desgastado. As pernas pesavam, as costas vergavam ao peso do património. O frio esse, implacável, gelava-lhe os dedos. A lingua presa, a respiração difícil. Uma a uma, todas tiveram um único destino. Um fogo crepitante, que lhe aquecia a alma. E que lhe fazia lembrar todos os peixes que lhe escaparam.
Verteu as canas uma a uma para o fogo que o ia aconchegando lentamente. estendeu as mãos à frente. regozijou-se. Regozijou-se num longo momento em que o calor por momentos ultrapassava o tremor interior que escondia, sem poder por inteiro albergar o tremor que perpetrara. O regozijo, tal como o fogo, fitava-se lentamente, numa chama que ao invés de lhe permitir vislumbrar um novo enlace, lhe lembrava a cada instante estar perante um retorno.Num movimento fugaz, levou uma mão ao fogo na ânsia de salvar uma, alguma, nem que a mais pequena das canas. bolas. falhara e quase queimara a mão.